Chá Vegetal

23-01-2013 20:24

        Yagé, Kamarampi, Caapi, Natema, Pindé, Kahi, Mihi, Dápa, Nixi Pae, Ayahuasca, Hoasca, Daime, Oasca, Oaska, Ayuaska, Cipó Dos Espíritos, Caapi, Yagé, Kapi, Kahi, Kahi Ide, Kamarampi, Nixi Honi Xuma, Mihi, Nixi Pae, Nepê/Nepi, Mahí, Ondi, Pildé, Natema, Pindé/Pinde, Dápa/Dapa, Uko, Chá, Vegetal, são alguns dos quase oitenta nomes que se pode denominar essa bebida advinda da fervura (e não infusão) de duas plantas amazônicas conhecidas popularmente pelos nomes de Chacrona e Mariri. 

        A Chacrona, um arbusto muito parecido com um pé de café, é a Psychotria viridis da família Ru biaceae. Suas folhas são um dos ingredientes para a preparação da bebida que serve para expandir a consciência em cerimônias de investigação interna particulares ou ainda em cultos do Santo Dai me, União do Vegetal, Natureza Divina e outros rituais xamânicos.

        Diversas espécies de Chacronas apresentam componentes bioativos. Alguns exemplos incluem atividade antibiótica nos extratos de P. microlabastra e P. capensis (África); atividade antiviral em P. serpens (China) e atividades anti-inflamatória, antivirais, antifúngicos é encontrada em P. Insularum (América Central) e P. hawaiiensis respectivamente. As moléculas ativas produzidas por espécies de Psychotria incluem: naftoquinonas, peptídeos, benzoquinona, pigmentos e alcalóides. O DMT, (dim etiltriptamina), componente alucinógeno de plantas amazônicas como a ayahuasca e a jurema, bioativo da P. viridis, por sua vez, é encontrado em diversas espécies de plantas, fungos e animais.

        O cipó Mariri, por sua vez, cientificamente conhecido por Banisteriopsis caapi, é também popularmente chamado por Jagube, Liana, Ayahuasca, Yagé ou Caapi. Assim como a Chacrona é nativo da região amazônica.

        A Chacrona em união com o cipó Mariri, fervidos com litros de água em fogo alto, juntos eliminam quaisquer efeitos nocivos que isoladamente possam ter, seu resultado é farmacologicamente complexo e utilizado com propósitos xamânicos, etnomédicos e religiosos servem como um catalisador da compreensão das coisas dos mundos internos ou espirituais e ainda como uma forma de expandir a consciência através de sua ingesta, o que ocorre aproximadamente dentro de uns 30 a 40 minutos depois de bebida.

        O Chá Vegetal é utilizado em suas variações tradicionalmente nos países como Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e B ra sil e ainda por pelo menos setenta e duas diferentes tribos indígenas da Amazônia.

        Seu uso se expandiu pela América  do  Sul e outras partes do mundo com o crescimento de movimentos religiosos organizados, sendo os mais significativos a União do Vegetal, o Santo Daime, Natureza Divina, e A Barquinha, além de investigadores particulares que não fazem parte de cultos religiosos, mas que se utilizam da bebida como veículo para esclarecimento de questões atreladas ao seu universo íntimo e particular.

        Há estimativas do início da sua utilização e dispersão entre as tribos ameríndias entre 1.500 e 2.000 a.C. Reza a lenda que “no primeiro alvorecer da cultura humana, Salomão, o Rei da Ciência, com a sua sabedoria inspirada, realizou a união entre o Mariri e a Chacrona e entregou o fruto dessa união, que é o Vegetal, ao seu fiel seguidor Caiano, que, ao bebê-lo, adquiriu a consciência espiritual e se tornou o primeiro Oasqueiro, ou seja, a primeira pessoa a comungar e a distribuir o Vegetal na Terra. Nesta ocasião, Caiano recebeu de Salomão o segredo da união do Vegetal e, com ela, a chave da palavra perdida, que permite entrar em contato com a Força Superior e penetrar nos encantos da natureza divina.

        Desde então, Caiano, sempre demonstrando grande abnegação, humildade e amor pela humanidade, vem se reencarnando sucessivamente na Terra e cumprindo sua missão de restaurar a União do Vegetal e de trazer aos homens a luz do verdadeiro conhecimento espiritual. Neste século, (XX) ele reencarna em Coração de Maria, Estado da Bahia, com o nome de José Gabriel da Costa, tendo se tornado conhecido na UDV (União do Vegetal) como Mestre Gabriel.

        De origem humilde, Mestre Gabriel se desloca, quando adulto, para a cidade de Porto Velho, em Rondônia, a fim de trabalhar como seringueiro na Floresta Amazônica. No seringal boliviano chamado Guarapari, bebe o chá sagrado, o qual lhe permite recordar-se de sua missão e de suas encarnações passadas. Em 1961, após passar três anos examinando as revelações recebidas, Mestre Gabriel recria a UDV, dando início ao seu trabalho de doutrinação e de distribuição do misterioso líquido. Em 1971 ele desencarna deixando um precioso legado espiritual, em virtude do qual as gerações futuras hão de lembrar o seu nome com gratidão e reverência.”  (Revista Humanus, p. 94, 2000).

        Segundo os relatos dos usuários, o Vegetal produz uma ampliação da percepção que faz com que se veja nitidamente a imaginação e acesse níveis psíquicos subconscientes e outras percepções da realidade, estando sempre consciente do que acontece — as chamadas mirações. Os adeptos consideram esse estado como supramental "desalucinado" e de "hiperlucidez" ou êxtase. Os praticantes dizem que com este estado alterado de consciência é possível develar, clariar as regiões profundas da psique humana trazendo compreensão de quem somos realmente.

        Num contexto religioso, tais fenômenos são atribuídos à clarividência, projeç ão da consciência, acesso a arquivos etéricos (registros ak áshicos) ou contatos espirituais. Noutras experiências, dependendo da formulação de cada grupo e tolerância particular, o estado alterado se dá pelas visões interiores próximas de um estado meditativo, em que o usuário consegue distinguir tais visões ou "mirações" pessoais da "realidade exterior".

        O Vegetal provoca alteração da consciência sem causar danos físicos. Muitos consumidores atribuem à substância propriedades curativas, como reativar órgãos danificados e melhoras em quadros de dependência química, por exemplo. De fato, não há dependência física conhecida, mesmo porquê, o Vegetal comumente é bastante amargo e seu sabor não incita ao vício, apenas ao uso comedido para investigações.

        A jornada com o Vegetal leva, à exploração tanto do mundo ordinário como de "mundos paralelos", que estariam além da percepção corrente. Em trabalhos com o Resgate (conhecimento profundo de si mesmo suas vidas passadas/futuras) ocorre com mais facilidade a sensações de liberação dos limites normais de espaço-tempo.

        A experiência pode em algum ponto revelar visões notáveis, insights, produzir catarses e consequentes experiências de renovação e de Resgate; visões arquetípicas, de animais, mandalas, cidades, de espíritos elementais, de cenas de vidas passadas, de divindades etc. Abre-se o portal para outras formas de realidade, do acesso ao inconsciente numa perspectiva psicanalítica e da criatividade do ponto de vista da neuropsicologia e da estética, desde que haja foco e boa orientação.

        Nem todos recebem visões na primeira vez que experimentam. O trabalho com o Vegetal é um processo que exige exame, purificação, dedicação, disciplina, perseverança e tempo para um benefício mais completo. Às vezes são necessárias várias sessões para se conseguir uma experiência válida. Uma vez iniciado o processo do auto-conhecimento, renovação e transformação, estas continuam, pois a linguagem passa a ser compreendida pelo pesquisador e o contato com o amor do elemental (essência inteligente do vegetal que orienta e ensina seus mistérios) e suas instruções maiores. O grande passo no trabalho com o chá Vegetal é a possibilidade psicoterapêutica é a assimilação dos ensinamentos espirituais e a prática na vida diária.

        Um Mestre do Vegetal, devidamente graduado, sabe orientar uma sessão e trazer os melhores benefícios através de orientações verbais profundas, músicas e das chamadas (canções antigas que trazem uma boa frequência, ou borracheira e as mirações, ou visões).

        Após 18 anos de estudos, o CONAD (Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas) do Brasil, retirou em 23 de novembro de 2006 o Vegetal da lista de drogas alucinógenas definitivamente. O mesmo já havia sido excluído desta lista em caráter provisório desde setembro de 1987. Em 26 de janeiro de 2010 o Governo Brasileiro dispôs a regulamentação de seu uso para fins religiosos, tendo vetado o seu comércio e propagandas além de coibir seu uso em conjunto com outras drogas e em eventos de turismo. O cadastramento das entidades que utilizam o Vegetal é facultativo.

        O uso cônscio e para fins de purificação, limpeza e esclarecimento interno são os mais recomendados para os que pretendem enveredar pelo universo do elemental conhecido como Vegetal, inclusive para os que querem se libertar de drogas, bebidas, cigarros e vícios outros, o Vegetal oferece uma porta maravilhosa de compreensão, suporte e libertação.

        O Resgate realizado com o Chá Vegetal pode ser potencializado, pois as percepções são amplificadas e o discernimento também. Um Vegetal bem preparado permite que o usuário  desfrute de experiências místicas/espirituais intensas e tenha como consequência ou resultado uma semana leve e plena.